quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

do blog do Juremir

Máximo e mínimo na política

O avesso do direito


A política é arte de fazer hoje o que se combatia ontem. Há sempre boas razões para essa inversão de perspectiva. A principal delas é que a visão do mundo se altera segundo o lado do balcão em que cada um se acha.
O ex-sindicalista Vincentinho vaiado por centrais sindicais e Ronaldo Caiado, o eterno inimigo da esquerda, aplaudido, indica que a política continua sendo o que sempre foi: um teatro. Um grande teatro do absurdo.
Quem está na oposição, defende aumentos generosos.
Quem está na situação, fala em responsabilidade.
Só há um momento em que essas duas vertentes se encontram: a hora do aumento dos próprios políticos.
Só dois políticos, que eu saiba, tiveram coragem para inverter essa lógica tão velha quanto a política: João Goulart e Getúlio Vargas, ministro do Trabalho e presidente da República, que, juntos, bancaram um aumento do salário mínimo, em 1954, de cem por cento.
Essa ousadia teve um custo bastante elevado: a cabeça de Jango e, meses depois, corpo e alma de Vargas.
Política é também a arte de administrar contradições. Ficaria bem fácil, nos tempos que correm, justificar o aumento mínimo do salário mínimo se os legisladores não tivessem se dado um aumento máximo.
Quem se importa com isso?
Política é, acima de tudo, a arte de deixar passar.
Até a próxima eleição, o eleitor já esqueceu.
Ser político é o máximo.
O salário da plebe é que é mínimo.

Postado por Juremir Machado da Silva - 17/02/2011 15:38

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.